Entries by institutoliderar

Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

Foram soltos nesta quinta-feira (25) os últimos suspeitos de crime de ódio contra o atacante brasileiro Vinicius Júnior, de um total de sete homens detidos há dois dias. Eles são investigados por terem pendurado um boneco preto com a camisa 20, usada por Vini no Real Madrid, simulando um enforcamento. Segundo a Reuters, um tribunal de justiça emitiu nota afirmando que os suspeitos estão proibidos de se aproximar e conversar com o brasileiro, além de frequentar estádios, enquanto durarem as investigações.

A polícia abriu inquérito em 26 de janeiro, quando o boneco inflável apareceu em uma ponte, em frente ao Centro de Treinamento (CT) do Real Madrid, junto a uma faixa vermelha e branca (cores do Atlético de Madrid), com a frase “Madri odeia o Real”. Segundo a polícia, três dos homens presos na última terça (3) eram integrantes de “um grupo radical de torcedores de um clube de Madri” que já haviam sido classificados como de “alto risco” durante os jogos.

Notícias relacionadas:

Os suspeitos – com idades entre 19 e 24 anos – liberados da prisão hoje (25) não poderão chegar a menos de um quilômetro dos estádios Santiago Bernabéu e Civitas Metropolitano – ambos na capital espanhola -, nem de qualquer outro do campeonato nacional da LaLiga durante as partidas.  

Após a repercussão dos ataques racistas sofridos por Vinicius Júnior no último domingo (21), durante partida contra o Valência, a polícia espanhola deteve sete pessoas suspeitas de crimes de ódio contra o brasileiro. No mesmo dia, três deles – identificados como torcedores do Valência – foram liberados, após prestarem depoimento.

* Com informações da Agência Reuters

Palmeiras bate Cerro e fica perto das oitavas da Libertadores


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

O Palmeiras foi até o Estádio La Olla, em Assunção, e derrotou o Cerro Porteño (Paraguai) por 3 a 0 (dois gols de Artur e um de Rony), na noite desta quarta-feira (24). Este resultado deixou o Verdão na vice-liderança do Grupo C da Copa Libertadores.

Notícias relacionadas:

Agora a equipe comandada pelo técnico português Abel Ferreira soma os mesmos nove pontos do líder da chave, o Bolívar (Bolívia), que bateu o Barcelona de Guayaquil (Equador) por 1 a 0 na rodada. Desta forma a equipe brasileira fica a um empate da classificação para as oitavas de final quando faltam duas rodadas para o final da fase de grupos.

Apesar de acabar derrotado no final, o Cerro iniciou o confronto dando trabalho ao Palmeiras. Porém, a situação da equipe paraguaia se complicou aos 14 minutos do primeiro tempo, quando o lateral Báez recebeu cartão vermelho após falta dura em Artur.

Com um a mais a partida mudou de dinâmica, e o Verdão abriu o placar aos 24 minutos. Zé Rafael roubou a bola no meio de campo e lançou Rony, que apenas rolou para o meio, onde Artur chegou batendo de chapa para marcar um belo gol.

O camisa 14 voltou ser decisivo aos 12 minutos da etapa final. Rony recebeu na linha de fundo de Dudu e cruzou rasteiro para Artur, que não perdoou. Mas ainda faltava o gol do camisa 10 do Palmeiras. Após duas assistências, Rony deixou o seu aos 22 minutos, quando, após receber lançamento, driblou o goleiro adversário antes de bater para o gol vazio.

Flamengo cede empate

Outro brasileiro a entrar em campo nesta quarta foi o Flamengo. Em partida transmitida pela Rádio Nacional e disputada no Estádio Municipal de Concepción, o Rubro-Negro chegou a abrir o placar com Gabriel Barbosa aos 33 minutos do primeiro tempo. Mas viu o Ñublense (Chile) arrancar o empate aos 26 da etapa final com Jorge Henríquez.

Este resultado deixou a equipe da Gávea na segunda posição do Grupo A com 5 pontos, um a mais do que os chilenos. O líder é o Racing (Argentina), que bateu o Aucas (Equador) por 2 a 1 para chegar aos 10 pontos.

Corinthians se complica

Quem ficou em situação muito complicada na competição continental foi o Corinthians. Jogando no Estádio Diego Armando Maradona, em Buenos Aires, o Timão não passou do 0 a 0 com o Argentinos Juniors (Argentina) e permanece na terceira posição do Grupo E, agora com quatro pontos.

Já o Argentino Juniors mantém a liderança da chave com o resultado, agora com 8 pontos. O vice-líder é o Independiente del Valle (Equador), com 6 pontos. O Liverpool (Uruguai) é o lanterna com os mesmos 4 pontos do Timão.

Brasil goleia República Dominicana por 6 a 0 no Mundial Sub-20


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

A seleção brasileira conquistou a primeira vitória na Copa do Mundo Sub-20. Em partida disputada nesta quarta-feira (24) em Mendoza (Argentina), o Brasil goleou a República Dominicana por 6 a 0 para assumir a vice-liderança do Grupo D da competição.

Notícias relacionadas:

Após este triunfo, e o revés de 3 a 2 para a Itália na estreia, a equipe comandada pelo técnico Ramon Menezes precisa vencer na última rodada da fase de grupos para avançar às oitavas de final. Mas o adversário é justamente o líder do Grupo D, a Nigéria. O confronto será disputado a partir das 15h (horário de Brasília) do próximo sábado (27) em La Plata.

Na partida desta quarta a seleção brasileira começou a construir sua vitória na etapa inicial. Aos 37 minutos Guilherme Biro cruzou e Sávio não perdoou. Um minuto depois Marcos Leonardo ampliou para 2 a 0. O terceiro saiu apenas após o intervalo, com Jean após cruzamento de Sávio.

Aos 37 o Brasil chegou ao quarto, com Giovane após passe de Matheus Martins. Dez minutos depois Marlon Gomes marcou o seu. Já nos acréscimos Matheus Martins deu números finais aop marcador.

Vinicius Júnior recebe apoio durante jogo do Real Madrid


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

Vinicius Júnior recebeu diversas manifestações de apoio, nesta quarta-feira (24), durante a vitória de 2 a 1 do Real Madrid sobre o Rayo Vallecano pela 36ª rodada do Campeonato Espanhol no estádio Santiago Bernabéu. Após a Federação Espanhola anular, na última terça (23), o cartão vermelho que recebeu no jogo contra o Valencia (quando o brasileiro foi vítima de agressões racistas), o atacante até poderia entrar em campo, mas não foi relacionado para a partida por causa de dores no joelho.

Uma das demonstrações de apoio veio do elenco do Real Madrid. Os jogadores da equipe Merengue, titulares e reservas, entraram em campo com a camisa de número 20 de Vinicius Júnior.

O atacante brasileiro também recebeu apoio das arquibancadas. Uma grande faixa com os dizeres “Somos todos Vinicius, já basta”, foi exibida pela torcida do Real, que, aos 20 minutos do primeiro tempo, deu uma salva de palmas, momento no qual a partida foi interrompida para a homenagem ao brasileiro.

O atacante da seleção brasileira, que acompanhou a partida das tribunas do Santiago Bernabéu, publicou após a partida uma mensagem em seu perfil em uma rede social agradecendo o apoio: “Amo vocês. Obrigado, obrigado, obrigado”.

Agressões racistas no Mestalla

Vinicius Júnior foi vítima de mais uma ação racista em um estádio espanhol na tarde do último domingo. Durante a derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0, no Estádio Mestalla, casa dos adversários, Vini escutou insultos racistas e gritos de “macaco” vindos das arquibancadas. O jogo foi paralisado por cerca de oito minutos e, posteriormente, o jogador foi expulso ao se envolver em confusão.

O lance que deu origem ao episódio aconteceu aos 29 da segunda etapa. Jogando em ambiente hostil, Vinicius Júnior tentou jogada pela esquerda quando uma segunda bola, que havia sido arremessada no gramado instantes antes, foi chutada por Eray Cömert, atleta do Valencia, de maneira proposital para interromper o lance. Naquele momento Vini se dirigiu para parte da torcida valencianista que estava localizada atrás do gol do time local e apontou para torcedores que o insultavam chamando-o de macaco.

O árbitro De Burgos Bengoetxea paralisou a partida e o sistema de som avisou que o confronto só seria retomado se as ofensas parassem. Vini sinalizou que estava bem para retornar, e o jogo prosseguiu após cerca de oito minutos de pausa, com a polícia comparecendo ao local das ofensas.

Nos acréscimos da partida, Vini se envolveu em uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com uma gravata, acertou o rosto do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar. No fim, apenas o brasileiro foi punido, sendo expulso.

Futebol de cegos: seleção avança à semi de Grand Prix Internacional


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

A seleção brasileira de futebol se classificou antecipadamente à semifinal do Grand Prix Internacional, em São Paulo, ao derrotar a Inglaterra. O nome do jogo foi Raimundo Nonato, que marcou os dois gols da vitória, no Centro de Treinamento Paralímpico (CTP). É a primeira vez que a competição, organizada pela Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, na sigla em inglês) ocorre na América do Sul.  Pentacampeão paralímpico, o Brasil busca o bicampeonato no Grand Prix. O país foi campeão ano passado, na edição do México, em sua estreia no torneio.

“Estamos trabalhando da melhor maneira possível. Estou muito feliz por contribuir com mais dois gols. A Inglaterra usa muito a força. Foi um jogo muito brigado e pegado, mas deu certo no final”, disse Nonato, que assumiu hoje a artilharia do torneio, pois já marcara dois gols contra o Japão.

Com a segunda vitória seguida – a primeira foi contra o Japão, por 3 a 0 – a seleção chegou aos seis pontos e assumiu a liderança do Grupo B que tem ainda o Chile. Na chave A estão França, Argentina, Tailândia e Itália. O formato da disputa prevê jogos de todos contra todos dentro do próprio grupo. Os dois melhores de cada chave jogam as semifinais na sexta-feira (26) e, no sábado (27) os classificados disputarão a medalha de ouro.

“Todas as seleções que jogam contra o Brasil tentam tirar um ponto nosso. A Inglaterra nunca foi fácil. É um time forte fisicamente. O importante é que vencemos, rodamos os atletas e estamos andando com o nosso processo de renovação, com muitos jogadores da base. Vamos fazer o melhor para continuar na busca pelo título, em casa”, afirmou o treinador Fábio Vasconcelos, em depoimento ao site do Comitê Paralímpico do Brasil (CPB).

Ciclo Paralímpico

O Brasil é o único pentacampeão paralímpico, com cinco ouros consecutivos desde os Jogos de Atenas (2004). A modalidade era chamada de futebol de cinco até os Jogos de Tóquio.

A participação do país no Grand Prix Internacional faz parte da preparação rumo a Paris 2024. Serão oito equipes na capital francesa, sendo que quatro já asseguram presença: França, Turquia, Marrocos e China.

As duas principais competições da seleção este ano, classificatórios para Paris 2024, serão a Copa do Mundo, em agosto, em Birmingham (Inglaterra) – inserida dentro da programação dos Jogos Mundiais da IBSA – e os Jogos Parapan-Americanos, em novembro, em Santiago (Chile).

Para confirmar sua vaga, o Brasil terá de ficar entre os três primeiros colocados do Mundial ou conquistar o Parapan.

Ofensas a Vinicius Jr. fazem parte de histórico de racismo no futebol


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

A repercussão dos ataques racistas direcionados ao atacante Vinicius Júnior, do Real Madrid, no duelo com o Valência pelo Campeonato Espanhol no último domingo (21), mostra que este não é um fato isolado. Nos últimos anos, foram vários os casos de racismo contra atletas brasileiros no futebol europeu, dentro e fora de campo, mas que não se limitam ao Velho Continente. Eles também avançaram no Brasil.

Daniel Alves, Taison, Dentinho, Neymar, Roberto Carlos, Malcom, Richarlison, Hulk. Todos eles já foram vítimas de racismo na Europa, de bananas atiradas no gramado a sons que imitam os de um macaco nas arquibancadas. A mesma Espanha na qual Vinicius Júnior tem sofrido com manifestações racistas e de ódio foi palco de boa parte destes ataques.

Confira a linha do tempo:

racismo no futebol
racismo no futebol

Notícias relacionadas:

 

“Isso [repetição de ataques a Vinicius Júnior] reflete anos e anos de leniência das autoridades espanholas com o racismo. Especialmente nos campos de futebol, não é apenas Vinícius Júnior que tem sofrido, mas outros jogadores pela Europa também, como o [atacante belga Romelu] Lukaku, vítima de racismo em abril e expulso por reagir contra os xingamentos racistas [na Itália, onde defende a Inter de Milão]. Existe um histórico [de racismo], com mais de 20 anos, com jogadores negros brasileiros e de outros países”, destacou Jorge Santana, professor de História e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em depoimento ao programa Stadium, da TV Brasil.

“O Vinícius tem sido uma voz quase isolada na luta contra o racismo no Campeonato Espanhol. As instituições espanholas fazem olhos de mercadores e não tomam atitudes e políticas duras contra o racismo. Das dez denúncias feitas pelo Vinicius [desde 2021], três foram arquivadas pela liga espanhola. Isso faz com que a liga seja uma aliada do racismo na Espanha”, completou Santana, que é autor do livro “Desculpas, meu ídolo Barbosa”.

Brasil

Notícias relacionadas:

 

O racismo no esporte mais popular do mundo, porém, não se limita à Europa. No Brasil, a prática avança de maneira preocupante. Segundo levantamento do Observatório da Discriminação Racial do Futebol, foram registrados 90 casos de ofensas raciais em 2022, contra 64 em 2021. Um aumento de 40%.

Em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 14.532, que tipifica a injúria racial como

Notícias relacionadas:

 crime de racismo, que já era considerado delito no país, pela Lei 7.716, de 1989. O Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para 2023 indica punição a casos de discriminação, que pode variar de uma advertência até a perda de pontos.

No país, um dos casos mais marcantes ocorreu em 2014, envolvendo o hoje ex-goleiro Aranha. À época no Santos, ele foi alvo de ofensas racistas de torcedores do Grêmio na partida de ida do confronto pelas oitavas de final da Copa do Brasil, na Arena do time gaúcho, em Porto Alegre. Os xingamentos, inicialmente, não constaram na súmula do árbitro Wilton Pereira Sampaio, sendo feito um adendo ao documento, enfim citando a ocorrência. Em decisão inédita, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (SJTD) excluiu o Tricolor do torneio nacional antes mesmo do jogo de volta.

De lá para cá, apesar do aumento dos casos, não houve igual punição. Em agosto de 2021, o Brusque chegou a perder três pontos durante a Série B do Campeonato Brasileiro, por causa de ofensas racistas de um dirigente ao atacante Celsinho, do Londrina, em duelo no Estádio Augusto Bauer, em Brusque (SC). Em novembro, porém, o STJD acabou devolvendo os pontos ao clube de Santa Catarina.

“Na minha opinião, deveria constar no regulamento dos campeonatos que quaisquer manifestações preconceituosas implicariam na perda imediata dos pontos daquela partida, sendo passível de rebaixamento caso se repitam. Já está passando a hora de a Fifa [Federação Internacional de Futebol] se manifestar seriamente. É muito bonito fazer campanha e dizer que todos são iguais no futebol, quando esses casos acontecem tantas e tantas vezes”, analisou o jornalista Cláudio Nogueira, responsável por livros como “Futebol Brasil Memória” e “Esporte: Usina de Sonhos e Milhões”, também ao Stadium.

Em nível continental, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) ampliou, no ano passado, as punições por racismo em jogos dos torneios que organiza. As alterações foram motivadas por ofensas sequenciais a torcedores e atletas brasileiros em partidas fora de casa durante o primeiro semestre. A multa mínima passou de R$ 150 mil para R$ 500 mil, com possibilidade de o time enquadrado ter de atuar com parte das arquibancadas fechadas ou sem público.

Patrocínios

Se dentro de campo as punições dependem das entidades desportivas, fora dele há o entendimento de que as marcas que cedem os nomes aos clubes e eventos devem pressionar por ações contra o preconceito. Após o caso envolvendo Vinicius Júnior, a organização Sleeping Giants Brasil acionou os 20 patrocinadores da liga espanhola nas redes sociais.

Segundo o diretor executivo da organização, Leonardo Leal, somente dois (Santander e Puma) se manifestaram até a publicação desta reportagem.

“Quando [patrocinadores] associam uma marca ao evento, eles também, querendo ou não, associam-se aos casos de racismo que acabam acontecendo. Como a liga não toma providências, pedimos ajuda desses patrocinadores, que têm muito poder na instituição, inclusive financiam o campeonato, para que deem voz às denúncias de racismo e a liga, finalmente, tome providências. Ficamos aguardando o posicionamento proativo delas no último domingo, dia que aconteceu o caso e o debate tomou as redes. Quando consumimos uma empresa, não consumimos apenas seu produto, mas também a ideia, a visão dessa empresa para o mundo”, declarou Leal à Agência Brasil.

“Acho que uma analogia que cabe muito é em relação às plataformas [redes sociais]. Elas acabam não agindo sobre conteúdos de ódio e desinformação, por isso acionamos os patrocinadores, já que a principal entidade não se move. Com a liga espanhola é o mesmo caso. Isso demonstra que se não for pelo follow the money [siga o dinheiro, na tradução literal do inglês], por pressionar quem financia jogos, campeonatos ou qualquer organização que acabe promovendo discurso racista ou odioso, não vemos muitas escapatórias ou mesmo responsabilizações desses agentes odiosos”, concluiu o diretor da Sleeping Giants.

Escritores do Pará e de Pernambuco ganham Prêmio SESC de 2023

O paraense Airton Souza e a pernambucana Bethânia Pires Amaro, radicada em São Paulo, são os vencedores do Prêmio Sesc de Literatura 2023, com as obras Outro outono de carne estranha, escolhido como melhor romance, e O ninho, ganhador na categoria conto, respectivamente. O resultado da premiação foi divulgado nesta quarta-feira (24), pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).

Esta é a 20ª edição do Prêmio Sesc de Literatura, considerado um dos mais importantes prêmios para o reconhecimento de escritores estreantes, que contabiliza desde sua criação, em 2003, mais de 20 mil obras inscritas e 35 novos autores revelados.

Em entrevista à Agência Brasil, a diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc, Janaína Cunha, destacou que esta é a terceira vez consecutiva que um autor paraense é agraciado com o Prêmio Sesc. “A gente se alegra muito com isso porque mostra que o prêmio tem abrangência nacional. São dois autores, um do Pará e um de Pernambuco, que estão fora do circuito literário tradicional, reconhecido nos grandes centros de produção literária, e são agraciados por sua narrativa. Então, a gente fica feliz e positivamente surpreendido com esse resultado”.

Circulação

O lançamento oficial dos dois livros será feito em novembro deste ano, com publicação pela editora Record, parceira do Sesc no projeto. A tiragem inicial será de, no mínimo, 2,5 mil exemplares. Em 2024, os autores farão a divulgação das obras em circulação nacional, sendo recebidos em boa parte nos departamentos regionais do Sesc nos estados para apresentação dos livros e falar sobre o projeto, em um contato mais direto com o público, com quem terão a oportunidade de abordar sua trajetória até sair vencedor da premiação. Os autores vencedores participarão de eventos promovidos por parceiros do Sesc, incluindo feiras literárias.

“A gente fica muito estimulado, porque é um processo contínuo e permanente de atenção à literatura e à produção literária. Não se trata de uma atenção única de receber as propostas, reunir uma comissão, categorizar, avaliar e chegar a um resultado final”, manifestou a diretora do Departamento Nacional do Sesc. Segundo Janaína, há um processo contínuo de estímulo à produção e reconhecimento do valor dessa produção, e de ressignificação do papel da literatura no cotidiano das pessoas. “Isso é que a gente acha mais bacana. É esse ambiente que tem uma permanência da ação, e não uma ação pontual com seus méritos específicos”.

A comissão final que selecionou o romance de Airton Souza foi composta pelos escritores Joca Reiners Terron e Suzana Vargas e, a que elegeu o conto de Bethânia Pires Amaro teve participação dos também escritores Giovana Madalosso e Sérgio Rodrigues. A origem do escritor não é identificada pela comissão avaliadora. “Isso é muito curioso. Mostra de fato que o Pará está se encontrando nesse lugar de referência de produção literária. É necessário olhar para o país como um todo, revelando o mérito das narrativas, de onde quer que elas venham, e como elas vêm se constituindo e consolidando no Brasil”. As obras são inéditas e revelam conteúdos mais robustos que exigem uma performance de escritor, ainda que sejam livros inéditos, comentou Janaína.

Inscrições

A edição 2023 do Prêmio Sesc de Literatura recebeu 1.495 inscrições, das quais 770 foram na categoria romance e 725 em conto. Janaína Cunha informou que a média, nos últimos anos, tem ficado em torno de 1.500 inscrições. “É um volume alto porque ele absorve produções já finalizadas, livros já robustos, de autores estreantes. É bastante desafiador, porque não são obras primárias”. Para a diretora, o total de inscritos foi muito expressivo e relevante “ e com uma cobertura muito importante das narrativas locais, convergindo para um olhar nacional”.

Obras

Airton Souza tem 41 anos, nasceu em Marabá (PA), onde mora até hoje. É professor de história para crianças e adolescentes do ensino básico e mestre em Letras. Atualmente, cursa doutorado em comunicação, cultura e amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Seu romance Outro outono de carne estranha remonta aos anos 1980, no final da ditadura, quando dois homens se encontram e se apaixonam em pleno garimpo de Serra Pelada, onde relacionamentos homoafetivos eram proibidos. O escritor narra fatos também inspirados em sua vivência pessoal. “A minha escrita é uma forma de pagar uma dívida afetiva e de retratar esse ambiente complexo que existiu no Brasil daquela época e que pode continuar a coexistir até hoje nos garimpos espalhados por essa imensa Amazônia”, assinalou.

Já os contos de O ninho tratam das relações familiares sob a ótica feminina e buscam dessacralizar a casa como um lugar idílico e de segurança afetiva, como costuma ser retratado nas postagens de famílias perfeitas das mídias sociais, explicou Bethânia Pires Amaro, 34 anos. “Queria mostrar a quem lê, e que muitas vezes vive distúrbios alimentares, abusos e racismo em solidão, atrás de quatro paredes, que essa pessoa não está só”, disse a autora. Bethânia viveu a infância no interior da Bahia e na capital do estado, onde percorria sebos e bibliotecas à procura de livros para ler. Há nove anos, ela se mudou para a capital paulista, onde atua como advogada pública.

Especialistas defendem envolvimento de brancos no combate ao racismo


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

Nesta quarta-feira (24) tem jogo do Real Madrid, mas a principal estrela do clube merengue não estará em campo. O atacante brasileiro Vinícius Júnior, alvo de ataques racistas no último domingo (21), não treinou ontem devido a um desconforto no joelho. A dor maior, no entanto, não é física. O jogador tenta se recuperar emocionalmente do que que viveu no Estádio Mestalla, na partida contra o Valência. Enquanto o craque se poupa, o combate inegociável contra o racismo, dentro e fora dos estádios, parece ser o melhor antídoto contra o delito, classificado como crime contra a humanidade pelo Direito Internacional.  De acordo com pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil, além das ações das instituições governamentais, é urgente o envolvimento de brancos na luta antiracista.

“Esperar, aguardar não é mais possível. O verbo de agora é agir”, frisa o coordenador da Pós-Graduação em Jornalismo Esportivo da Faculdades Hélio Alonso (Facha), Leandro Lacerda, defendendo uma medida enérgica contra torcedores e clubes envolvidos em episódios de preconceito racial.

Notícias relacionadas:

“Eles precisam ser responsabilizados de forma contundente, inclusive responder criminalmente, porque é um caso que extrapola a esfera esportiva. Agora, os clubes também têm que ser responsabilizados com perda de mando de campo, de pontos, etc. Se um estádio inteiro está a gritar cantos racistas, então aquele lugar não oferece segurança para se praticar o futebol”, defende Lacerda.

racismo no futebol
racismo no futebol

Já Thales Vieira, sociólogo e coordenador-executivo do Observatório da Branquitude, sugere que a Fifa ou a Uefa proíba times espanhóis de participar de competições internacionais. “A gente não sabe o que vai acontecer, mas o Movimento Negro não vai deixar que esse seja mais um caso que amanhã vai todo mundo esquecer”. 

O sociólogo destaca que o racismo diário está vinculado ao processo histórico. “A colonização deixou marcas profundas nas sociedades para os negros. Os escravocratas têm dificuldade em conviver com a diversidade racial sem hierarquizar ou animalizar os outros, que são vistos como inferiores e despojados da própria condição de humanos. Não à toa, o insulto é macaco”, esclarece.

“As manifestações do movimento afro-americano Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) costumam ter pessoas brancas à frente para servir de proteção aos negros contra a repressão policial. É este tipo de comportamento, protegendo as vítimas desse processo, que precisamos”, defende Thales Vieira, ressaltando que a prática é o critério da verdade. “Cansado de textos prontos, até o ChatGPT é capaz disso”.

Repercussão

“Mono, mono, mono”. O vocábulo espanhol – cuja tradução é macaco –  é a palavra preferida dos racistas. O ex-jogador Roberto Carlos, em 1997, quando atuava pelo mesmo Real Madrid, também foi alvo do mesmo xingamento, que chegou a ser rabiscado no carro do então galáctico. Em 2014, uma banana foi atirada pelos adeptos do Villareal ao campo, fruta que foi comida, ironicamente, por Daniel Alves, quando atuava pelo Barcelona, mesma cidade onde está preso há mais de 80 dias sob a acusação de estupro.

“Agora, houve uma repercussão mais intensa”, analisa o professor Leandro Lacerda, destacando que Vini Jr. se trata de um jogador de seleção brasileira, titular no clube mais poderoso do mundo. “Foi covarde, asqueroso. Mais uma vez, a vítima foi acusada de ser responsável pelo que aconteceu. No estádio, imitações de macaco e cânticos racistas. Mas nada disso parece importar”, afirma, acrescentando que o brasileiro foi agredido em campo, revidou, recebeu, sozinho, cartão vermelho. “O VAR omitiu as informações da agressão original. Ele recebeu um mata-leão dentro de campo. O igualmente agressor sequer recebeu advertência. Por que?”, questiona.

Na terça (23), o Comitê de Competição da Federação de Futebol da Espanha decidiu tornar sem efeito o cartão vermelho dado ao brasileiro Vinicius Júnior na derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0. Além disso, a entidade comunicou que fechou por cinco jogos o setor da arquibancada Mario Kempes, no qual estavam os torcedores que proferiram insultos racistas contra o jogador da seleção brasileira, e multou o Valencia em 45 mil euros.

“Foi uma violência atroz”, analisa Thales Vieira, lembrando que a repercussão só alcançou este tamanho por conta da reação intensa e imediata de Vinícius Júnior. “Os companheiros de equipe – Courtois, Modric e outros jogadores – podiam ter abandonado o campo. “Dos amigos e aliados contra o racismo espera-se uma reação mais fria, calculada e estratégica, o próprio Ancelloti [técnico] podia ter retirado o time inteiro dentro de campo diante daquela circunstância”.

Basquete: alvo de racismo na Espanha, Yago Mateus enaltece Vini Jr.


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

Um brasileiro ofendido por conta da cor da pele, na Espanha, durante o exercício da profissão. Poderia ser um dos vários episódios de racismo pelos quais o atacante Vinícius Júnior passou ao longo desta temporada, mas a vítima é outra – e o esporte também. Trata-se de Yago Mateus, armador da seleção masculina de basquete, chamado de “macaco” durante um jogo da Euroliga, no início do ano.

Notícias relacionadas:

Yago atua no basquete alemão, pelo Ratiopharm Ulm. Em fevereiro, a equipe foi à Espanha para encarar o Joventut Badalona, pelo torneio continental. Em determinado momento, uma torcedora do time da casa grita “mono” (macaco em espanhol) para o ex-jogador de clubes como Flamengo e Paulistano, enquanto pessoas ao redor dão risada. O momento foi flagrado pelas imagens da transmissão de TV.

“É uma coisa bem difícil. Eu, de primeira, não soube como agir, mas é algo que ficou na minha cabeça, no meu coração. Deu muita raiva pensar como pessoas podem fazer isso com outras, com insultos racistas, homofóbicos. Eu já tinha muita raiva e via com tristeza quando acontecia. Quando foi comigo, senti essa dor e não a desejo para ninguém”, comentou Yago, em depoimento, por vídeo, à Agência Brasil.

Na ocasião, Vinícius Júnior foi uma das personalidades que prestou solidariedade a Yago. O próprio atacante já vinha sendo alvo constante de manifestações racistas em jogos do Campeonato Espanhol. Após o novo ataque ao jogador do Real Madrid, em duelo contra o Valência, o atleta da seleção de basquete publicou um longo texto no Instagram e enalteceu Vini Jr como uma “bandeira” do enfrentamento ao racismo no mundo.

“Apesar de ser nosso trabalho, nosso esporte, não é fingir que nada aconteceu, porque a gente já fingiu por muito tempo e deixou de falar por muito tempo. Nesses últimos tempos, não só eu, não só o Vini, estamos falando e mostrando ao mundo que [o racismo] não tem de acontecer e a repercussão está sendo gigantesca. Acho que é um caminho para podermos mudar. Isso não é esporte. Isso é crime”, destacou Yago.

As ofensas contra Yago provocaram reações. O Joventud, em nota, afirmou, na ocasião, ter colocado as câmeras do ginásio à disposição das autoridades. A Associação de Jogadores da Euroliga disse que “tal comportamento não tem lugar no esporte ou na vida” e que esperava “medidas apropriadas” contra a torcedora. A responsável pelas ofensas foi proibida de assistir aos jogos da equipe espanhola.

“Tenho fé em Deus que tudo isso mudará, que as pessoas vão se respeitar e quem faça isso [racismo] realmente pague pelo crime que cometeu. Que não aconteça em estádio, nem na rua. Não é humano”, concluiu o armador de 24 anos.

Capes lança programa de apoio a eventos de capacitação de professores


Quatro detidos por crime de ódio contra Vini Jr. são soltos na Espanha

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) publicou nesta quarta-feira (24) edital do Programa de Apoio a Eventos no País para a Educação Básica. A ação vai selecionar propostas de instituições vinculadas a programas ou cursos de formação inicial ou continuada de professores. As inscrições começam em 1º de junho. 

Em nota, a Capes informou que os projetos de eventos acadêmicos, científicos, tecnológicos ou de extensão deverão ser inscritos até o dia 14 de julho por meio do sistema de inscrições do órgão. O valor do edital é de R$ 1 milhão.  

Notícias relacionadas:

“O edital apoia eventos presenciais ou semipresenciais a serem realizados no país entre 1º de outubro de 2023 e 30 de junho de 2024, com abrangência regional, que envolve participantes provenientes de, pelo menos, dois estados da mesma região; nacional – com palestrantes de, no mínimo, duas regiões do país –; e internacional, reunindo conferencistas vindos de dois ou mais países.” 

O repasse de valores, segundo a Capes, considera o porte das ações: eventos pequenos (até 200 pessoas) recebem de R$ 50 mil a R$ 90 mil; médios (entre 201 e 600), de R$ 70 mil a R$ 120 mil; e grandes (mais de 600), entre R$100 mil e R$ 160 mil.  

“Com esses recursos, é possível pagar passagens e hospedagem dos palestrantes, confeccionar materiais e contratar diversos serviços de apoio. Também podem ser custeadas despesas com recreação infantil aos filhos dos participantes”, informou o órgão. Outras informações devem ser solicitadas pelo e-mail paep-eb@capes.gov.br.